segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Um pai chamado Roberto


Parte 1/7

❝ (...)

— Eu quero te pedir Armando, que não volte a me dirigir a palavra NUNCA MAIS! 

Em menos de um ano você acabou com trinta anos de trabalho!

Em menos de um ano você acabou com a coisa mais preciosa que tínhamos: a amizade entre as famílias Valência e Mendonza! 

Em menos de um ano você conseguiu demonstrar que não passa de um estúpido e que jamais você vai amadurecer! 

Em menos de um ano acabou... com a belíssima relação que tinha com a Marcela! 

Não sei... o que terá feito com aquela menina ainda que... não seja difícil de imaginar! E isso... isso também eu não o perdoo, Armando!

Como tampouco te perdoo o horror de ter que dispensar os convidados dessa noite e avisá-los que não haverá mais casamento!❞ (BAF 137)


(...)

Maneira triste de se começar uma homenagem, mas vamos falar de pais atenciosos ao extremo e outros nem tanto... que tal começarmos pelo autor dessas palavras tão duras aos ouvidos e coração do nosso querido Armando Mendonza?

Talvez seja prudente analisar também o sentimento desse pai que depositou todas as suas expectativas e sonhos, acreditando no sucesso do filho, mas que num sobressalto, se viu totalmente “traído”, “humilhado”, sem chão... e mesmo ferido, mesmo com duras palavras, ainda tenta fazê-lo enxergar o caminho para o amadurecimento...

Sim, para qualquer filho é muito forte ouvir que “jamais será perdoado” ou “nunca mais me dirija a palavra”, mas... quem terá errado primeiro? Se é que existem certos e errados nessa história...

VAMOS AOS FATOS:

Sabemos que Daniel Valência e suas irmãs, ainda crianças, foram morar na casa dos Mendonza por conta da orfandade precoce que os abateu, e que seu Roberto, para suprir a falta, a carência, a saudade, pode ter por dado demais pra um do que pra outro, dando início ali a uma disputa por atenção que pôde levar seu filho à medidas extremas na tentativa de provar pra esse pai que ele é capaz de chegar muito longe. O outro, por ciúme, inveja ou cobiça, torce pelo fracasso e faz o que estiver ao seu alcance para que isso aconteça.

Tentando ser imparcial, o pai propõe um desafio aos dois, e mesmo achando mais justa a proposta de Daniel, apoia o vencedor, cabendo agora a ele separar as coisas e olhar para seu filho de sangue com mais ternura e o apoiar... mas diante de tamanha decepção, talvez em sua mente de empresário, a melhor maneira de apoiá-lo é sendo duro para que ele enfim cresça e amadureça.

Quem sabe esse pai não tenha se perguntando onde foi que falhou na educação dada ao filho? Quem sabe na ânsia de suprir todas as suas necessidades materiais dando educação, saúde, qualidade de vida o emocional tenha ficado em segundo plano... não que eu queira defender o Armando, pois ele errou feio, mas como se sente um filho ao ver que seu pai espera tanto dele e ainda há um outro disputando a mesma atenção e posição?

Seu Roberto trabalhou, conquistou status, posição social, respeito, bens, mas... será que ele esteve presente quando Armando mais precisou de apoio? Na maioria das vezes ele se mostra acessível às conversas, pergunta sempre se está tudo bem e mesmo sabendo o tamanho da responsabilidade e temer que o filho sozinho não dê conta, procura não se impor... e mesmo de longe torce e acredita em seu sucesso.

Quem sabe a dor que Roberto sentiu naquela reunião não se resuma numa quebra de expectativas? Sim, quem sabe ele não depositou em Armando responsabilidades e sonhos em demasia, mas não parou durante todo o tempo pra se colocar em seu lugar, se aproximar mais dele, conhecer seus próprios interesses e sonhos...

DISTÂNCIA... é isso vemos no dia a dia de pai e filho... é bem verdade que em alguns momentos ele procurou o diálogo e a “amizade” de Armando, que pelos motivos que bem conhecemos, sempre manteve uma distância segura... e pelo pouco que pudemos perceber, parece que era dona Margarida quem sempre tratava de acobertar, desde cedo, suas traquinagens e travessuras, e mesmo depois, quando ele já era um adulto, sucessor do pai na presidência, ela ainda procurava “poupar” o companheiro de qualquer preocupação ou “aborrecimento” nesse sentido...

Isso retrata muito bem algumas famílias nos dias de hoje, onde os pais dividem responsabilidades ao meio: um cuida da formação moral, social... outro em prover financeiramente a família, dando pouco de si no que se refere ao afeto. Seria ideal se os pais, mesmo tão ocupados pudessem se colocar no lugar de seus filhos um dia e se perguntarem: “O que meu filho espera de mim?”, “O que posso fazer para ter um tempo de qualidade com ele?”.

Pelo excesso de trabalho, responsabilidades, e tantas outras coisas, seu Roberto, talvez não soube demonstrar com clareza seu amor e nem passar ao filho a confiança necessária para que ele seguisse adiante mas que soubesse que em qualquer tropeço, poderia contar com sua mão sempre amiga...






(CONTINUA DURANTE TODA A SEMANA,
ATÉ DOMINGO, DIA DOS PAIS!)


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Então, obrigada!,


Por mais essa emoção proporcionada
por esse texto tão lindo!!!


TEXTO: Carmemdf e Elaine Cristina 

ARTE: Eliza Silvino


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